Atemporalidade e o Papel da Igreja na Sociedade

 



Reflexão sobre Fé, Ciência e Transformação Social: Uma Análise dos Pontos de Tensão e Convergência

O conteúdo da discussão apresentada abrange um vasto espectro que vai desde a realidade social e o impacto da religião em comunidades marginalizadas, até as mais profundas questões teológicas e filosóficas sobre a natureza de Deus, o tempo e a ordem cósmica. Este artigo visa refletir sobre os principais temas abordados, explorando a intersecção única entre fé e razão.


O Papel Transformador das Igrejas e a Crítica à Academia

A observação inicial sobre a presença de um bar e uma igreja a cada 100 metros em áreas carentes do Rio de Janeiro estabelece o cenário de uma luta social e espiritual constante. Embora se note a dificuldade em estudar a Bíblia, que exige conhecimento histórico e linguajar rebuscado, é levantada uma questão sobre a capacidade de pastores, frequentemente descritos como semianalfabetos, de liderar e pregar.

A resposta, contudo, é surpreendente e multifacetada. Em primeiro lugar, essas igrejas, muitas vezes pentecostais ou neopentecostais, são responsabilizadas pelo fato de a sociedade brasileira não estar absolutamente dominada pelo Islã, comparando-se a situações observadas na Europa.

Em segundo lugar, a igreja cristã é descrita como o único lugar na face da terra onde o doutor se senta e o analfabeto prega, transmitindo a palavra de sabedoria inspirada nas escrituras. O cristianismo é, por excelência, um sistema de educação. Historicamente, as pessoas aprendiam a ler na Bíblia, e as escolas bíblicas dominicais foram criadas para este fim.

O aspecto mais radical do impacto da fé reside na transformação de vidas. A conversão é apresentada como a única forma de fugir da máfia e do crime organizado. Pessoas que saem de situações criminosas e até da Cracolândia encontram um caminho reto, estruturando suas vidas, suas famílias e adquirindo bens.

Diante deste fenômeno radical, o debate se aprofunda na crítica à academia. As universidades, especialmente os departamentos de sociologia, estariam perdendo a oportunidade de estudar essas transformações radicais. Argumenta-se que sociólogos, psicólogos e psiquiatras não estão conseguindo alcançar o nível de mudança que a religião promove. Há, inclusive, uma crítica histórica à sociologia por não ter previsto e proposto soluções para a situação social que se seguiu à abolição da escravatura.

A Natureza Atemporal de Deus e a Criação Ex Nihilo

Um ponto central e filosófico da discussão é a localização de Deus em relação ao tempo. Enquanto muitas pessoas afirmam que Deus está fora do tempo, o questionamento levantado é que, se Ele está fora do tempo, a ação se torna impossível, pois ação implica tempo.

É introduzida então a distinção crucial entre eternidade e atemporalidade. Enquanto o eterno jamais subverterá a ordem passado-presente-futuro, para o atemporal, essa ordem não se aplica. Deus, o Atemporal, não está submetido à dimensão temporal; Ele exerce domínio sobre ela e consegue andar no tempo, da mesma forma que os humanos se movimentam no espaço.

A vinda de Deus na pessoa de Jesus Cristo (João 1:14) é vista como uma limitação brutal no espaço e no tempo.

A atemporalidade de Deus é inferida a partir do primeiro versículo da Bíblia ("No princípio Deus criou os céus e a terra"), utilizando o verbo hebraico bará. Este verbo, que só pode ter Deus como sujeito, significa a criação a partir do nada (creatio ex nihilo). O argumento teológico é que, se a causa criou o tempo, ela mesma deve ser atemporal.

É importante notar que bará se distingue dos verbos yatsá e assá, que significam criar a partir do que já existe, como um pintor que cria uma obra a partir da tinta e da tela.

Cosmologia, Evolução e a Lógica da Entropia

O diálogo também tangencia a evolução, onde um dos participantes afirma acreditar na evolução, mas não na sua capacidade de gerar ganho de complexidade a ponto de uma ameba chegar a um ser humano.

Em termos cosmológicos, há uma forte ênfase na ideia de que o tempo veio a existir junto com o universo. A atemporalidade é a dimensão em que Deus existe, pois Ele é a causa não só do tempo, mas também da matéria, do espaço e das leis da natureza.

Um ponto de reflexão profunda é o comportamento matemático da realidade. A universalidade e a previsibilidade das leis da natureza, que se comportam da mesma forma em todo o planeta, são consideradas algo "incrível" e "mágico", não explicável apenas pelo ponto de vista da matéria. A ciência consegue prever o estado do universo daqui a 100 trilhões de anos (escuro e frio), mas o ser humano não consegue prever sua própria vida em 10 minutos.

Essa previsão aponta para o conceito de entropia. O universo vive um processo entrópico "perverso" de perda de energia utilizável. O futuro cósmico é a deterioração. A única forma de reverter um processo entrópico é através de trabalho. As escrituras indicam que esse trabalho provém do Senhor, o único que pode diminuir a entropia do universo.

É por essa razão que a Bíblia é citada como o único livro religioso que fala de duas criações — a promessa de "novos céus e nova terra". Isso indica uma ação sobrenatural de Deus, mantendo a visão teísta (Deus está moldando continuamente o universo, revertendo efeitos entrópicos) em oposição ao deísmo (Deus cria e abandona).

A discussão também aborda a questão dos multiversos, onde é reconhecido que se trata de uma ideia no campo das possibilidades intelectuais, mas sem evidências neste universo. Mesmo que existissem múltiplos universos, isso apenas exigiria uma causa ainda maior para criá-los, não solucionando a questão da existência de Deus.

Em suma, o conteúdo do vídeo promove uma reflexão que desafia tanto o pensador religioso (ao aprofundar definições teológicas como atemporalidade) quanto o pensador científico (ao apontar o limite das leis naturais e a necessidade de uma causa atemporal para o espaço-tempo e para a reversão entrópica).


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Alex Rudson




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