Debate sobre a Guarda do Sábado: Rabinos, Pastores e Rodrigo Silva

 


4 Argumentos Surpreendentes Sobre a Guarda do Sábado que Vão Desafiar Suas Convicções

Para muitos cristãos, a guarda do sábado é uma questão resolvida: uma prática do Antigo Testamento superada pela Nova Aliança. No entanto, um recente debate entre pastores, rabinos e o Dr. Rodrigo Silva expôs as fissuras teológicas nessa crença aparentemente sólida. A discussão revelou argumentos contraintuitivos que transformam a questão de uma simples regra abolida para um complexo quebra-cabeça de consistência bíblica. Vamos explorar os quatro pontos mais impactantes desse debate.

1. Cristãos guardam 9 dos 10 mandamentos, mas dizem que "a lei" foi abolida.

O primeiro argumento, apresentado pelo Dr. Rodrigo Silva, expõe uma incoerência fundamental na prática cristã contemporânea. A maioria das igrejas defende a validade de nove dos Dez Mandamentos como princípios morais eternos — não matar, não roubar, não cobiçar, não idolatrar, etc. — mas rejeita especificamente o quarto, o mandamento do Sábado.

Silva aponta que, em vez de afirmar genericamente que "a lei foi abolida", seria mais preciso e honesto dizer que "o Sábado foi abolido", já que os outros nove mandamentos continuam em vigor na teologia da maioria. A dificuldade, segundo ele, é que não existe um único versículo no Novo Testamento que declare explicitamente a anulação do Sábado. Este argumento inicial desloca o ônus da prova, desafiando os cristãos a fornecerem uma justificativa bíblica não apenas para a abolição "da lei", mas para a remoção cirúrgica e isolada de um único mandamento do Decálogo.

"Com muito respeito eu acho que para ser mais coerente com o que está sendo dito o correto seria afirmar: 'O sábado foi abolido e não a lei porque da lei novos mandamentos estão em vigor.'"

2. O primeiro concílio da Igreja cria um problema para quem usa Atos 15 para anular o Sábado.

Um dos textos mais utilizados para argumentar contra a guarda do sábado é Atos 15, que descreve o Concílio de Jerusalém. Nele, os apóstolos decidiram não impor aos gentios convertidos a maior parte da lei judaica, incluindo a circuncisão e, por omissão, o Sábado.

No entanto, o Dr. Rodrigo Silva apresenta dois desafios a essa interpretação. Primeiro, ele observa que o concílio também não mencionou a obrigatoriedade do dízimo ou a proibição da feitiçaria, mas a esmagadora maioria das igrejas hoje ensina sobre o dízimo e condena a feitiçaria. Segundo, e ainda mais problemático, o concílio exigiu explicitamente que os gentios se abstivessem de carne sufocada e de sangue, uma regra dietética que pouquíssimas igrejas cristãs observam hoje.

Isso revela uma aplicação seletiva do Concílio de Jerusalém, onde suas proibições explícitas (carne sufocada) são ignoradas, enquanto suas omissões (dízimo) são contornadas, enfraquecendo seu uso como um decreto definitivo contra o Sábado.

3. Se o dízimo vale por ser antigo, o Sábado também não deveria valer?

A discussão se aprofunda quando o debate toca em princípios que existem antes mesmo da Lei de Moisés. Durante a conversa, um pastor justificou a prática do dízimo (não mencionado em Atos 15) argumentando que ele é um princípio pré-mosaico, estabelecido no encontro de Abraão com Melquisedeque.

A resposta de um rabino presente foi imediata e cortante. Ele concordou com a lógica, mas a aplicou de forma consistente: se o dízimo é válido por ser anterior à Lei do Sinai, então o Sábado (Shabat) e a circuncisão também deveriam ser, pois ambos foram instituídos antes de Moisés. A resposta do rabino cria uma "pinça teológica" inescapável: se o princípio pré-mosaico é o critério de validade, então tanto o dízimo quanto o Sábado devem ser mantidos. Se não é, a principal justificativa cristã para o dízimo (fora da Lei Mosaica) desmorona.

"É isso que me incomoda: que cristãos 'picotam' a Bíblia. O dízimo vale a pena, então o dízimo eu pego. [...] O Shabat não, então isso não. Então, o que vale e o que não vale?"

4. Jesus não quebrou o Sábado, Ele o debateu como um rabino fariseu.

Talvez o ponto mais surpreendente seja a reinterpretação do papel de Jesus em relação ao Sábado. Contrariando a visão popular, o Dr. Rodrigo Silva argumenta que as discussões de Jesus sobre o Sábado não eram uma anulação da lei, mas uma participação nos debates interpretativos comuns no mundo rabínico. Aprofundando essa linha, o rabino presente ofereceu uma reinterpretação ainda mais provocadora: Jesus poderia ser considerado um "fariseu" no sentido etimológico original da palavra.

Longe de ser um transgressor, Jesus agia como um mestre que buscava o "espírito" por trás da letra da lei. O termo "fariseu", segundo o rabino, se conecta à palavra hebraica perush, que significa "explicação" ou "interpretação". Nessa visão, Jesus não era um opositor da lei, mas alguém dedicado a encontrar sua correta explicação e aplicação. Essa perspectiva transforma radicalmente a imagem de Jesus, de um "revogador da lei" para um "mestre intérprete da lei".

Uma Questão em Aberto

Esses argumentos demonstram que a questão da guarda do sábado é muito mais profunda do que uma simples divisão entre Antigo e Novo Testamento. As aparentes contradições e a complexidade dos debates internos da própria Bíblia mostram que respostas fáceis raramente são suficientes. Diante de tamanha complexidade teológica e argumentativa, como um cristão moderno deveria enxergar sua relação com os Dez Mandamentos como um todo?



Minha  opinião:

devemos guardar o sábado porque faz parte dos 10 mandamentos.


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Alex Rudson

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