Córnea impressa em 3D devolve visão a paciente pela primeira vez na medicina

 


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A Córnea 3D: O Marco Histórico que Redefine a Medicina Regenerativa

O ano de 2025 testemunhou um avanço histórico na medicina regenerativa, com a realização do primeiro transplante bem-sucedido de uma córnea inteiramente impressa em 3D, que foi capaz de restaurar a visão de um paciente que estava legalmente cego. Este feito, concretizado no Rambam Eye Institute, em Haifa, Israel, em parceria com a empresa Precise Bio, especializada em tecidos biofabricados, é um momento histórico e um avanço científico que traz "esperança real para os milhões de pessoas que aguardam por córneas doadas".

O Fim da Escassez de Tecido Doador

A córnea é uma parte fundamental para a formação da visão, mas pode ser danificada por traumas, infecções ou doenças genéticas. Embora os transplantes convencionais possuam uma alta taxa de sucesso — cerca de 97% —, a disponibilidade de tecido doador varia enormemente ao redor do mundo. Em países desenvolvidos, a espera pode durar poucos dias, mas em outras regiões, pode se estender por anos. Estima-se que mais de 13 milhões de pessoas em todo o planeta aguardam por transplantes de córnea devido à grave escassez de tecido.

O modelo de impressão 3D promete transformar radicalmente esse cenário. A técnica inovadora utilizou um implante produzido a partir de células humanas de córnea cultivadas em laboratório, eliminando a necessidade de depender de um doador tradicional.

O potencial de escalabilidade é imenso: a partir de uma única córnea saudável de um doador, os pesquisadores conseguiram cultivar material suficiente para gerar cerca de 300 implantes. Essa capacidade de multiplicação significativa da oferta permite atender milhares de pacientes. O procedimento também abre caminho para ampliar o acesso a transplantes em países que enfrentam a falta de bancos de olhos e limitações de infraestrutura.

Qualidade, Padrão e Função

O implante biotecnológico demonstra o potencial para uma produção padronizada e mais uniforme, algo difícil de alcançar apenas com doações tradicionais. A tecnologia aplicada no implante, que foi desenvolvida e aperfeiçoada pela Precise Bio ao longo de uma década, inclui medidas avançadas de controle de qualidade.

As córneas impressas são produzidas combinando materiais biológicos e células humanas para imitar a estrutura e função das córneas naturais. Elas imitam com sucesso propriedades essenciais do tecido humano, incluindo a transparência e a biomecânica. De acordo com especialistas, estas propriedades são cruciais para resultados a longo prazo e para a redução do risco de complicações. Diferentemente das córneas sintéticas tradicionais ou das doadas, as versões bioimpressas possuem alta pureza e alta densidade celular, fatores que contribuem para uma melhor nitidez da visão e recuperação ao longo do tempo. O professor Michael Mimouni, chefe da unidade de transplante de córnea do Rambam, confirmou que a cirurgia foi bem-sucedida e que a visão da paciente (uma mulher de 70 anos em um dos olhos) começou a melhorar.

O Caminho para uma Revolução em Transplantes

O sucesso da córnea 3D não se limita à oftalmologia. A primeira versão de uma córnea impressa em 3D foi desenvolvida em 2018 pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido. A Precise Bio afirma que o mesmo sistema de bioimpressão poderá ser aplicado futuramente para gerar outros tecidos vitais:

• Tecido cardíaco;

• Células de fígado (ou células hepáticas);

• Células renais.

Embora essas aplicações dependam de testes clínicos rigorosos para validação, elas representam uma possível revolução no tratamento de doenças graves, especialmente em contextos de escassez de órgãos para transplante. O fato de ser a "primeira vez que um transplante criado inteiramente em laboratório a partir de células humanas foi usado com sucesso em um ser humano" valida este sistema de bioimpressão como um potencial futuro para a produção de órgãos sob demanda.

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