Como se Livrar da Dívida de Cartão de Crédito: Um Guia Prático

 


Como se Livrar da Dívida de Cartão de Crédito: Um Guia Prático

A dívida de cartão de crédito é considerada a mais cruel, perversa e ardilosa de todas, capaz de arruinar sonhos e a vida de muitos brasileiros por simples falta de informação. Casos como o de Thaísa, que viu uma dívida de R$ 2.000 se transformar em mais de R$ 1 milhão em menos de 3 anos, não são isolados, mas sim uma regra no Brasil. No entanto, entender alguns segredos pode mudar completamente o jogo, permitindo que você pague pouco ou até mesmo tenha sua dívida perdoada.

O Equívoco do "Nome Limpo" a Qualquer Custo

Muitos crescemos com a ideia de que ter o nome limpo é fundamental e que não podemos permitir que ele seja sujo, pois é a única forma de adquirir bens no Brasil. Essa é, na verdade, uma meia verdade. Ter o nome limpo só é crucial se você planeja usá-lo imediatamente para obter crédito, financiamento ou um novo cartão. Se você já possui cartões aprovados, não pretende comprar um carro ou casa no momento, manter o nome limpo pode não mudar nada em seu dia a dia.

O erro comum é que, impulsionadas por essa mensagem inconsciente de que não se pode ter o nome sujo, muitas pessoas renegociam dívidas com o gerente do banco, mesmo sabendo que não conseguirão pagar o novo acordo. Isso é um grande erro que impede a obtenção de descontos significativos. Além disso, toda vez que você renegocia, você aceita o valor cobrado como verdadeiro, o que dificulta a contestação futura de juros abusivos.

Os Três Motivos Que Tornam a Dívida de Cartão Negociável

Existem três razões principais que fazem com que a dívida de cartão de crédito seja facilmente negociada, permitindo que você consiga descontos ou até mesmo o perdão dela:

1.  Os bancos não podem cobrar os juros que eles querem.
       A taxa de juros rotativa (juros do rotativo) que aparece na sua fatura, que pode ser altíssima (como 15% ao mês), só pode ser aplicada no primeiro mês de atraso. A partir do segundo mês, os bancos são obrigados a cobrar apenas a taxa média para operações de crédito. Essa limitação já reduziria muito a dívida, mas o banco nunca te contará isso.
       Desde janeiro de 2024, existe uma lei que proíbe os bancos de cobrarem mais do que o dobro do valor original da fatura em caso de atraso. Ou seja, se você devia R$ 1.000, eles não podem te cobrar mais do que R$ 2.000. Sem essa informação, você não tem poder de negociação.

2.  A justiça é o pior lugar para o banco cobrar dívida de cartão de crédito.
       Os bancos sabem que a evolução dos juros da dívida de cartão de crédito é quase sempre irregular, pois eles não respeitam as leis de cobrança mencionadas. Isso significa que há muita margem para o devedor discutir os valores na justiça e reduzir a dívida.
       Com grandes chances de perder o processo, os bancos evitam a via judicial, preferindo insistir em ameaças por SMS, WhatsApp e ligações de cobrança, na esperança de que você perca a paciência e aceite um acordo desfavorável.

As Três Jogadas para Negociar sua Dívida

Com essas informações em mente, você pode virar o jogo a seu favor e negociar de uma posição de força:

1.  Deixe a dívida rolar.
       O máximo que o banco fará é sujar seu nome e perturbar com cobranças.
       Perca o medo de ficar com o nome sujo e de receber ligações. Dê tempo ao tempo; deixe a dívida "estressar" por alguns meses (seis meses, por exemplo) e uma proposta de acordo chegará.
       Importante: Se o cartão estiver estourado, não continue usando-o, mesmo que tenha limite, e comece a usar cartões de outros bancos para evitar a renovação mensal da dívida.

2.  Abra uma conta em outro banco e comece a guardar dinheiro.
       Não basta apenas esperar; é crucial ter dinheiro para oferecer à vista na hora do acordo e conseguir um desconto maior.
       Abra uma conta em um banco diferente daquele que você deve e guarde um pouco todo mês.
       O valor a guardar: se a dívida surgiu depois de janeiro de 2024, você nunca pagará mais do que o dobro da fatura. No entanto, o ideal é tentar guardar o valor que você gastou na primeira fatura, o valor original da dívida. Há uma grande chance de quitar por esse ou por um valor menor. É uma péssima ideia guardar o dinheiro no mesmo banco que você está devendo.

3.  Inicie as negociações com firmeza.
       Você pode negociar por telemarketing, em Feirões Limpa Nome ou através do Consumidor.gov.
       Nessa fase, você dita as regras do jogo, pois agora tem conhecimento. Seja firme, não aceite as cobranças abusivas que o banco tentar empurrar.
       Insista no valor que você acha justo pagar, que é o valor original da dívida. Os bancos tentarão convencer que o valor é maior e que o desconto não pode ser concedido, mas seja persistente, afirmando que o valor máximo que você tem é o valor original.

Com essas estratégias e informações, você tem o poder de se livrar da dívida de cartão de crédito de forma vantajosa.


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