Equity: Multiplicando Ganhos e Valorizando Negócios

 





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EQUITY: A Riqueza Invisível e a Jornada de Multiplicação do Valor Empresarial

O oitavo episódio do programa "O Conselho" oferece uma profunda reflexão sobre o conceito de equity – a participação acionária ou valor de uma empresa – destacando-o não como um mero termo financeiro, mas como o verdadeiro foco do empreendedorismo de longo prazo. O conteúdo apresentado por investidores e empreendedores de sucesso revela que entender e jogar o "jogo do equity" é essencial para multiplicar os ganhos e definir o destino de um negócio.

A Mudança de Consciência: Olhar Além da Cerca

A reflexão central do programa começa com a crítica à mentalidade do empresário que fica preso ao dia a dia da operação, a chamada "visão de Drone". Muitos empreendedores focam em estruturar o escritório, contratar funcionários e obter um CNPJ, muitas vezes antes de validar o produto ou ter clientes, gerando custos prematuramente.

Essa visão limitada se manifesta na busca por recompensas imediatas, como lucros, dividendos e pro-labore, em vez de reinvestir na empresa e focar no valor futuro do negócio. O investidor João Kepler compara essa atitude à de quem quer apenas vender o "copo de açaí", ao invés de construir uma estrutura maior. A ideia fundamental do equity é que o empreendedor deve saber o valor real de sua empresa – o que é chamado de riqueza invisível – e o potencial de crescimento que ela pode alcançar.

Estratégias de Crescimento: Bootstrap vs. Capital de Risco

O vídeo apresenta exemplos práticos de jornadas empreendedoras distintas:

  1. O Caminho Bootstrap e a Parceria Estratégica: A Escola Conquer, cofundada por Endel Favarin, seguiu um caminho "não convencional" no mundo das startups, focando 100% no cliente e na geração de valor desde o início (Bootstrap), reinvestindo integralmente os recursos por anos. A Conquer só buscou uma rodada de investimento em um momento de força (quando não precisava do caixa), visando o "Smart Money" – a inteligência e o know-how de um novo sócio – para acelerar seu crescimento exponencial. Essa união de forças resultou em um crescimento de 110% no faturamento no ano seguinte à entrada do Grupo Wiser. O melhor momento para trazer um investidor é quando não se precisa vender, pois isso garante uma valorização muito superior da participação.
  2. O Caminho do Capital de Risco e o IPO: A Méliuz, fundada em 2011, também focou em gerar caixa e construir um negócio sustentável. No entanto, seu CEO, Israel Salmen, conta que, após receber 60 "nãos" de fundos de investimento, a empresa só conseguiu destravar as rodadas de investimento após a entrada de um investidor anjo estratégico (Fabrício Grinda, fundador da OLX). A Méliuz, que levantou um total de R$ 30 milhões em rodadas iniciais com dificuldade, realizou seu IPO em 2020, levantando mais de R$ 600 milhões, o que, segundo Salmen, "mudou nossa história".

Para investidores como João Kepler, que atua no estágio inicial (early stage), o investimento é geralmente feito através de um mútuo conversível (dívida conversível), um instrumento que permite converter o empréstimo em participação societária se a empresa demonstrar bom resultado. A Bossa Nova tem participação em mais de 1.600 empresas e consegue um track record de apenas 5% de write-off (empresas que morrem), um número excepcional em comparação à média mundial de mortalidade de 60% para startups em estágio inicial. Esse sucesso é atribuído ao amadurecimento dos empreendedores e, principalmente, ao acompanhamento e mentoria que oferecem.

Cash Burn e a Busca por Eficiência

O mercado de investimentos está passando por um freio de arrumação. Há um consenso entre os especialistas de que os investidores atualmente não buscam mais empresas que queimam caixa (Cash Burn), mas sim empresas eficientes que geram caixa.

O Cash Burn, ou queima de caixa para crescimento rápido, deve ter um limite. Israel Salmen aconselha que o empreendedor não deve se enganar: crescer rapidamente através de subsídio de preço pode levar à perda de clientes quando esse subsídio cessa. A palavra de ordem é o break-even (ponto de equilíbrio), garantindo que o negócio fatura o suficiente para cobrir suas despesas, o que fornece segurança para futuras rodadas de investimento.

Equity como o Jogo da Multiplicação

O valor do equity é um incentivo poderoso para o crescimento. O cofundador da Escola Conquer enfatiza que dividir a participação acionária é "dividir para multiplicar". O objetivo é trocar um percentual menor de um bolo muito maior.

Essa estratégia de aquisição (M&A) também é fundamental para o crescimento das holdings. A Wiser, por exemplo, faz aquisições de empresas (como a Conquer) visando o aumento de receita e EBITDA, construindo um Hub de educação que amplia seu mercado e, consequentemente, o valor da holding para futuras operações de equity ou IPO. As grandes empresas compram startups para antecipar o desenvolvimento de tecnologia, adquirir talentos ou criar novas unidades de negócio.

Para o empreendedor que está começando, a reflexão final é sobre a resiliência. Sem o empreendedor e sua capacidade de acreditar no projeto, não há equity. O conselho prático final é:

  1. Não tenha medo de dividir para multiplicar: Contar com pessoas (o "com quem") e inteligência de decisão torna a empresa muito mais forte e assertiva.
  2. Aumente seu nível de consciência empresarial: Entenda o jogo do equity e saiba o valor do seu negócio, pois essa é a "riqueza invisível".
  3. Tenha resiliência: Empreender é a arte de enfrentar dificuldades diárias e não desistir. É fundamental seguir em frente, mesmo quando há quem duvide e faça pouco caso do projeto.

O equity é o objetivo de longo prazo que diferencia o empresário focado na subsistência do empreendedor que constrói um negócio valioso, capaz de ser vendido, herdado ou listado na bolsa. É o reconhecimento de que o sucesso vem da capacidade de crescer de forma inteligente e eficiente.


Analogia: Pense no equity como plantar uma semente rara (sua ideia de negócio). O empresário comum colhe os frutos imediatos para comer (lucros e pro-labore), garantindo a sobrevivência diária. O empreendedor focado em equity, no entanto, investe a maioria dos frutos de volta na semente e no solo, pois seu objetivo final não é apenas comer as frutas de hoje, mas sim criar um pomar inteiro que valha muito mais no futuro, atraindo investidores interessados no potencial daquela fazenda.

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