Artistas do SBT quebram o silêncio sobre divida milionária derrubada por Moraes

 


Coerência e Concessão: A Polêmica do SBT e o Preço da Intimidade Institucional

A recente presença do Ministro Alexandre de Moraes e do Presidente Lula no palco do SBT, em um evento que culminou no lançamento de um novo programa, desencadeou uma onda de controvérsia e decepção, expondo a tensão entre a convivência institucional obrigatória e a manifestação pública de gratidão e intimidade.

O ponto focal da polêmica reside, em grande parte, na decisão anterior de Alexandre de Moraes de derrubar uma dívida milionária do SBT no caso envolvendo a jornalista Rachel Sheherazade. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou improcedente a ação trabalhista movida pela apresentadora contra a emissora, no valor de R$ 8 milhões. Esta ação, que estava em última instância no STF, foi derrubada, e os comentaristas no vídeo sugerem que este fato pode ter impulsionado o convite e o "palco para Alexandre Moraes falar".

Decepção e a Escolha da Gratidão

Para figuras ligadas à emissora, como o funcionário que se manifestou, a palavra que resumiu o ocorrido foi "decepção" e "vergonha". Embora reconheçam que a emissora, por ser uma concessão pública, possa ser obrigada a receber autoridades e o Presidente da República, o modo como o evento se desenrolou foi criticado. O problema não foi meramente receber Lula, mas a forma como ele e Alexandre de Moraes foram "abraçados". Cenas como "o carinho, os abraços longos, os sorrisos amplos" e "gestos de intimidade" geraram desconforto, tratando as figuras políticas como "celebridades," "heróis" ou em um "encontro de família".

A crítica à falta de coerência foi incisiva, especialmente por parte de quem alega que a família Abravanel e o SBT desrespeitaram os valores que dizem defender. O falecido Silvio Santos era judeu, e a crítica levantada questiona o apoio a Lula e Alexandre de Moraes, que são descritos como "visivelmente e declaradamente apoiadores do Ramas, apoiadores de terroristas".

A convivência com "gente sem caráter, figuras que você considera nocivas" faz parte do jogo institucional na vida adulta. No entanto, ir além, optando por "abraçar, exaltar, demonstrar gratidão pública", transforma a situação em uma "escolha" que revela se há "valor ou preço". Houve uma forte percepção de que a família Abravanel "cancelou o valor para se render ao preço".

A Repercussão e a Divisão Artística

O episódio ganhou proporção ainda maior após o pronunciamento do cantor Zezé Di Camargo, cujo vídeo "bombou" em todo o Brasil e serviu de exemplo para que outros artistas se manifestassem. A reação dividiu o público, mas diversos famosos declararam apoio à crítica, incluindo Dado Dolabela, Eduardo Costa, Rodolfo (cantor sertanejo), Oscar Magrini, Thiago Rodrigues, Dedé Santana, e o jogador de futebol Felipe Melo.

Outro ponto de crítica foi a presença do governador Tarcísio de Freitas, cuja atitude de "bater palma para Alexandre Moraes" foi classificada como uma grande decepção. Da mesma forma, o artista Ratinho foi criticado por "passar pano" para a situação, mesmo após a tentativa de mitigar o dano com a presença de Flávio Bolsonaro.

Diante deste cenário, surge um apelo à união dos "artistas de direita", a fim de que falem abertamente, seguindo o exemplo de Zezé Di Camargo. O sentimento é que, enquanto outros grupos artísticos se unem em causas como "show anistia", a união entre os artistas que se alinham à direita, como Gustavo Lima e Zezé Di Camargo, ainda não se concretizou.

O evento no SBT, impulsionado pela derrubada da dívida milionária, se transformou em um símbolo de incoerência para muitos, levantando a questão central: em um ambiente onde a concessão pública exige certa convivência, até onde a demonstração de afeto e gratidão a figuras controversas compromete os valores declarados por uma emissora e seus líderes. A resposta, segundo a análise do vídeo, está na diferença entre cumprir um protocolo obrigatório e fazer uma escolha íntima de exaltação.