A influenciadora digital Andressa Tainá Lima de Souza, de 30 anos, que outrora ostentava uma vida de luxo e sucesso meteórico nas redes sociais, encontra-se agora sob custódia, vestindo o uniforme penitenciário. A transformação de sua imagem glamorosa para a realidade de uma prisão foi o resultado da "Operação Dinheiro Sujou", que revelou um complexo esquema criminoso por trás de sua ascensão social.
O Esquema do "Jogo do Tigrinho" e a Ostentação Ilegal
Tainá construiu uma imagem de sucesso exibindo roupas de grife, viagens internacionais e um estilo de vida glamoroso, acumulando 127.000 seguidores e até mesmo ganhando destaque na escola de samba Estação Primeira de Mangueira no Carnaval do Rio de Janeiro. No entanto, a polícia descobriu que essa ostentação era financiada por um grande esquema de jogos ilegais, conhecido como "jogo do tigrinho".
As investigações apontaram que Tainá liderava esse esquema, promovendo apostas ilegais que atraíam vítimas com promessas de lucros rápidos e elevados. Ela utilizava suas redes sociais para incentivar seguidores a se cadastrarem e depositarem valores em plataformas de jogos do tipo caça-níqueis, sendo contratada para impulsionar a divulgação. Os valores arrecadados eram então lavados pela influenciadora por meio de investimentos bancários.
A Descoberta da "Lista da Morte" e Antecedentes Criminais
A situação de Tainá piorou drasticamente após sua prisão por descumprir uma medida cautelar que a proibia de usar redes sociais para divulgar jogos. Durante a apreensão de seus aparelhos celulares, uma descoberta chocante veio à tona: uma lista de execução com nomes de autoridades que estavam no caminho de seus planos criminosos. Esta lista incluía um delegado de polícia, um deputado estadual, e vários jornalistas – pessoas que combatiam ativamente os jogos ilegais e incomodavam os planos da influenciadora.
Uma conversa no celular entre Tainá e seu pai revelou a intenção da investigada de "matar" ou "ceifar a vida" de algumas pessoas. O vídeo também aponta que Tainá teria comemorado a morte do jornalista Luiz Cardoso em abril, escrevendo "um já foi agora faltam os outros". A polícia está investigando os "modus operandi" que seriam adotados, se havia outras pessoas envolvidas e se o planejamento já estava traçado.
Além dos jogos de azar e da lista de execução, Tainá Souza já era conhecida pela polícia por outros antecedentes criminais. Ela foi considerada réu por furto, após usar o cartão de crédito de uma pessoa morta para fazer compras online. Adicionalmente, ela já respondia por maus-tratos a animais, por ter oferecido bebida alcoólica ao próprio cachorro, filmando e publicando o vídeo nas redes sociais.
A Investigação Abrangente e Outros Envolvidos
A operação não se limitou a Tainá. Outros influenciadores, como Maria Angélica, Otávio Filho, Otávio Vittor e Neto do Alibe, também foram alvos de mandados de busca e apreensão, pois promoviam os jogos e direcionavam as vítimas para um grupo em um aplicativo de mensagens em nome de Tainá Souza. As investigações indicaram a presença de uma advogada encarregada da lavagem de dinheiro dentro dessa organização criminosa.
A polícia apreendeu bens de luxo como carros, uma moto aquática e moedas estrangeiras, além de determinar o bloqueio de mais de R$ 11 milhões dos investigados, evidências da ostentação financiada pelo esquema. Tainá foi encaminhada ao sistema penitenciário de São Luís. A polícia continua investigando para identificar outros envolvidos e esclarecer como os planos de execução seriam colocados em prática, buscando também os "grandões", os empresários por trás desse esquema que, segundo o comentarista do vídeo, ainda não foram pegos. O "jogo do tigrinho" é comparado ao antigo jogo do bicho, sendo uma forma rápida e célere de ganhar dinheiro de forma ilegal, viciando e destruindo famílias.