Letra
Você que pensa que pode dizer o que quiserRespeita aí, eu sou mulherQuando a palavra desacata, mata, doíFala toda errada que nada constróiConstrangimento, indetrimento de todo discernimento quando ela dizNão mas eu tô vendo, eu tô sabendoEu tô sacando o movimentoÉ covardia no momentoQuando ele levanta a mão
Ela vai, ela vemMeu corpo, minha leiTô por aí, mas não tô à toaRespeita, respeitaRespeita as mina porra
Diversão é um conceito diferenteOnde todas as partes envolvidas concemO silêncio é um grito de socorro escondidoPela alma, pelo corpoPelo o que nunca foi ditoNinguém viu, ninguém vê, ninguém quer saberA dor é sua, a culpa não é suaMas ninguém vai te dizerE o cinismo obtusoDaquele cara confusoEu vou esclarecer: abuso
Ela vai, ela vemMeu corpo, minha leiTô por aí, mas não tô à toaRespeita, respeitaRespeita as mina porra
Violência por todo mundoA todo minuto, por todas nósPor essa vozQue só quer pazPor todo luto, nunca é demaisDesrespeitada, ignoradaAssediada, exploradaMutilada, destratadaReprimida, exploradaMas a luz não se apagaDigo que sintoNinguém me cala
Ela vai, ela vemMeu corpo, minha leiTô por aí, mas não tô à toaRespeita, respeitaRespeita as mina porra
fonte: https://pro-web.musixmatch.com/
Uma Reflexão sobre "RESPEITA" e a Voz Coletiva pela Autonomia Feminina
A canção "RESPEITA", da artista Ana Cañas, emerge como um hino potente e um chamado inequívoco por respeito e autonomia feminina. As letras que você compartilhou revelam uma profunda reflexão sobre as diversas formas de violência e desrespeito enfrentadas pelas mulheres, ao mesmo tempo em que celebram a força e a resiliência de suas vozes.
A música se inicia confrontando diretamente o desrespeito verbal: "Você que pensa que pode dizer o que quiser / Respeita aí, eu sou mulher / Quando a palavra desacata, mata, doí / Fala toda errada que nada constrói". Este trecho destaca como as palavras, muitas vezes subestimadas, podem ser instrumentos de dor e desvalorização. O constrangimento e o detrimento do discernimento são apontados como consequências diretas dessa fala tóxica, revelando a importância de um ambiente de comunicação que preze pela dignidade.
Um dos pilares da mensagem da canção é a autonomia corporal e o consentimento: "Ela vai, ela vem / Meu corpo, minha lei / Tô por aí, mas não tô à toa / Respeita, respeita / Respeita as mina porra". Essa afirmação é um lembrete crucial de que o corpo da mulher pertence a ela, e suas escolhas devem ser soberanas. A letra reforça que "Diversão é um conceito diferente / Onde todas as partes envolvidas concem", delineando claramente a linha entre interação consensual e abuso, e a absoluta necessidade de consentimento em qualquer situação.
A canção também aborda a violência velada e explícita, e o silêncio que muitas vezes a encobre. Versos como "É covardia no momento / Quando ele levanta a mão" e a declaração direta de "abuso" trazem à tona a realidade de agressões físicas e emocionais. A frase "O silêncio é um grito de socorro escondido / Pela alma, pelo corpo / Pelo o que nunca foi dito" é particularmente comovente, revelando a solidão e o desamparo de quem sofre calado. A canção faz um apelo poderoso ao reconhecer que "A dor é sua, a culpa não é sua / Mas ninguém vai te dizer", combatendo a perigosa tendência de culpabilizar a vítima, um padrão que perpetua o ciclo de abuso.
No clímax da música, o panorama se amplia para uma denúncia da violência sistêmica: "Violência por todo mundo / A todo minuto, por todas nós". A letra enumera as múltiplas formas de desrespeito e agressão sofridas pelas mulheres: "Desrespeitada, ignorada / Assediada, explorada / Mutilada, destratada / Reprimida, explorada". No entanto, mesmo diante de um cenário tão desafiador, a mensagem de resiliência e empoderamento prevalece: "Mas a luz não se apaga / Digo que sinto / Ninguém me cala". Essa é uma declaração de força, de que, apesar de todas as tentativas de silenciamento e opressão, a voz da mulher não será sufocada.
A força dessa mensagem é amplificada pela voz coletiva que se manifesta no vídeo, conforme indicado pelas transcrições. A presença de um vasto número de mulheres notáveis, como a própria Ana Cañas, Monique Evelle, Eliane Dias, Laura Neiva, Preta Ferreira, Maria da Penha, Fernanda Gianesella, Carmen Silva, Nathália Dill, Elza Soares, e muitas outras personalidades, não é apenas uma lista de nomes; é a representação de um movimento social abrangente. Cada nome simboliza uma voz, uma história e um compromisso com a causa da autonomia e do respeito feminino. A participação dessas mulheres diversas – artistas, ativistas, líderes sociais e figuras públicas – no vídeo do qual a letra é parte, consolida a mensagem de que o respeito às mulheres é uma demanda coletiva e urgente, que transcende fronteiras e gerações.
Em essência, "RESPEITA" é mais do que uma música; é um manifesto. É um convite à reflexão sobre a cultura do desrespeito e uma exigência por um mundo onde a autonomia e a dignidade de todas as mulheres sejam inegociáveis. A repetição do refrão "Respeita, respeita / Respeita as mina porra" não é apenas um apelo, mas um grito de guerra, um chamado à ação para que a sociedade reconheça, valorize e, acima de tudo, respeite as mulheres em sua totalidade.