Estudo sobre o livro de Lucas: capítulo 06

 


Artigo sobre Lucas 6: Senhor do Sábado, Escolha dos Doze e Ensino sobre o Amor

O capítulo 6 do Evangelho de Lucas apresenta uma série de eventos e ensinamentos que destacam a autoridade de Jesus sobre a lei, o estabelecimento de sua comunidade de seguidores e a essência de sua mensagem ética. Podemos dividi-lo em quatro partes principais: a controvérsia sobre o sábado, a escolha dos doze apóstolos, a cura de uma grande multidão e o sermão sobre o amor aos inimigos.

O capítulo se inicia com duas controvérsias sobre a observância do sábado. Na primeira (Lucas 6:1-5), Jesus e seus discípulos estão passando por uma plantação de trigo no sábado. Famintos, os discípulos colhem espigas, debulham-nas com as mãos e comem. Alguns fariseus os acusam de violar a lei do sábado, que proibia o trabalho. Jesus responde com exemplos das Escrituras, como Davi e seus companheiros comendo os pães da proposição, que só era permitido aos sacerdotes. Ele conclui com uma declaração fundamental sobre sua própria autoridade: "O Filho do homem é Senhor do sábado" (Lucas 6:5). Essa afirmação desafia a interpretação rígida da lei sabática e reivindica a autoridade de Jesus para definir o seu verdadeiro propósito: servir às necessidades humanas.

A segunda controvérsia ocorre em outra ocasião, quando Jesus está ensinando na sinagoga no sábado (Lucas 6:6-11). Havia ali um homem com a mão direita atrofiada. Os fariseus e os mestres da lei observavam Jesus atentamente para ver se ele o curaria no sábado, para terem motivo de acusá-lo. Conhecendo seus pensamentos, Jesus pede ao homem com a mão atrofiada que se levante e fique no meio. Então, ele os questiona: "O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou destruí-la?" (Lucas 6:9). Após olhar para todos eles, Jesus diz ao homem: "Estenda a sua mão". Ele o faz, e sua mão é completamente restaurada. A reação dos fariseus é de fúria, e eles começam a discutir entre si o que poderiam fazer contra Jesus. Esses episódios demonstram o conflito crescente entre Jesus e a liderança religiosa sobre a interpretação e a aplicação da lei.

Em seguida, Lucas narra um momento crucial no estabelecimento da comunidade de Jesus: a escolha dos doze apóstolos (Lucas 6:12-16). Antes de fazer essa escolha, Jesus retira-se para um monte para orar e passa toda a noite em oração a Deus. Ao amanhecer, ele chama seus discípulos e escolhe doze dentre eles, a quem também designa como apóstolos. Lucas lista os nomes desses doze: Simão (a quem chamou Pedro), André, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago filho de Alfeu, Simão, o Zelote, Judas filho de Tiago e Judas Iscariotes, que se tornou o traidor.1 A escolha desses doze homens, com diferentes origens e personalidades, marca o início da formação do grupo que seria fundamental para a propagação do Evangelho após a ascensão de Jesus.

Após a escolha dos doze, Jesus desce do monte com eles e para em um lugar plano, onde uma grande multidão de discípulos e de pessoas de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom se reúne (Lucas 6:17-19). Eles vieram para ouvi-lo e para serem curados de suas doenças. Aqueles que eram atormentados por espíritos imundos também eram curados, e toda a multidão procurava tocá-lo, porque dele saía poder que curava a todos.

Nesse contexto, Jesus pronuncia um discurso que ecoa o Sermão da Montanha em Mateus, mas com algumas diferenças em ênfase (Lucas 6:20-49). Ele começa com as bem-aventuranças, proclamando a felicidade dos pobres, dos famintos, dos que choram e dos que são odiados por causa do Filho do homem (Lucas 6:20-23). Em contraste, ele pronuncia ais contra os ricos, os que estão fartos, os que riem agora e os que são elogiados por todos (Lucas 6:24-26).

Uma parte central desse ensino é o mandamento de amar os inimigos (Lucas 6:27-36). Jesus exorta seus ouvintes a amar seus inimigos, a fazer o bem aos que os odeiam, a abençoar os que os amaldiçoam e a orar pelos que os maltratam. Ele os instrui a oferecer a outra face quando forem atingidos, a dar a capa a quem lhes pede a túnica e a emprestar sem esperar nada em troca. O fundamento desse amor radical é o exemplo do próprio Deus, que é bondoso para com os ingratos e maus: "Sejam misericordiosos, assim como o Pai de vocês é misericordioso" (Lucas 6:36).

O restante do discurso aborda temas como não julgar os outros (Lucas 6:37-42), a relação entre a árvore e o fruto (Lucas 6:43-45) e a importância de ouvir e praticar as palavras de Jesus, comparando aquele que o faz a um homem que constrói sua casa sobre a rocha, enquanto aquele que apenas ouve e não pratica é como um homem que constrói sobre a areia, resultando em ruína quando a tempestade chega (Lucas 6:46-49).

Lucas 6, portanto, revela Jesus como o Senhor que redefine a lei em função do amor e da misericórdia, o líder que estabelece as bases de sua comunidade através da escolha dos doze e o mestre que ensina um padrão ético radical centrado no amor incondicional, inclusive aos inimigos.

Link para o capítulo na Bíblia Online (ACF): Lucas 06 


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