Mateus 15: Tradição, Fé e a Misericórdia de Jesus
O capítulo 15 do Evangelho de Mateus apresenta um confronto entre Jesus e os líderes religiosos de Seu tempo, seguido por demonstrações impressionantes de fé e compaixão. Este texto aborda questões essenciais sobre a verdadeira adoração, a hipocrisia religiosa e a graça de Deus que se estende a todos, inclusive aos gentios.
1. O Conflito sobre Tradições Humanas (Mateus 15:1-20)
Os fariseus e escribas de Jerusalém questionam Jesus sobre o fato de Seus discípulos não seguirem a tradição de lavar as mãos antes de comer (v. 1-2). Essa prática não era uma exigência da Lei de Moisés, mas uma tradição oral dos anciãos, que havia sido elevada ao mesmo nível das Escrituras.
Jesus responde com firmeza, acusando-os de invalidar os mandamentos de Deus por causa de suas tradições (v. 3-6). Ele cita o exemplo do mandamento "Honra teu pai e tua mãe" (Êxodo 20:12), que era negligenciado quando alguém declarava seus bens como "oferta ao Senhor" (Corban), evitando assim sustentar os pais necessitados.
Em seguida, Jesus cita Isaías 29:13, condenando a hipocrisia deles:
> "Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens." (Mateus 15:8-9)
Ele então ensina que a verdadeira impureza não vem do exterior (como alimentos não lavados), mas do coração humano (v. 10-11). Os discípulos ficam surpresos com a reação dos fariseus, mas Jesus os chama de "cegos guiando cegos" (v. 12-14).
Pedro pede uma explicação, e Jesus esclarece:
> "O que sai da boca procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias." (Mateus 15:18-19)
Assim, Jesus redefine a pureza, mostrando que o problema não é a falta de rituais externos, mas a corrupção interior.
2. A Fé da Mulher Cananeia (Mateus 15:21-28)
Ao se dirigir a Tiro e Sidom, Jesus é abordado por uma mulher cananeia, que clama por ajuda para sua filha endemoninhada (v. 21-22). Inicialmente, Jesus não responde, e os discípulos pedem que Ele a despeça (v. 23).
Quando Ele diz: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (v. 24), parece estar testando sua fé. A mulher, no entanto, persiste, adorando-O e suplicando (v. 25).
Jesus então faz uma afirmação que parece dura: "Não é bom pegar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos" (v. 26). A mulher, humilde e cheia de fé, responde:
> "Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores." (v. 27)
Diante dessa demonstração de fé e humildade, Jesus a elogia e cura sua filha (v. 28). Esse episódio mostra que a graça de Deus não está limitada a Israel, mas se estende a todos que creem, independentemente de sua origem.
3. A Multiplicação dos Pães e a Compaixão de Jesus (Mateus 15:29-39)
Jesus retorna à região da Galileia, onde cura muitos enfermos (v. 29-31). A multidão O segue por três dias, e Ele, movido por compaixão, não quer despedi-los famintos (v. 32).
Com apenas sete pães e alguns peixes, Jesus alimenta quatro mil homens (além de mulheres e crianças), e ainda sobram sete cestos cheios (v. 33-38). Esse milagre reforça Seu poder e cuidado pelas necessidades físicas e espirituais do povo.
Conclusão
Mateus 15 revela:
1. A prioridade do coração sobre o ritual – Deus valoriza mais a sinceridade do que tradições humanas.
2. A fé que transcende barreiras – A mulher cananeia demonstra que a verdadeira fé não depende de nacionalidade, mas de humildade e persistência.
3. A compaixão de Jesus – Ele cura, ensina e supre as necessidades, mostrando Seu amor por todos.
Este capítulo desafia-nos a examinar nosso coração, a buscar a Deus com fé genuína e a confiar em Sua provisão, pois Ele é o Senhor que satisfaz todas as nossas necessidades.
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Mateus 15
1 Então chegaram a Jesus uns escribas e fariseus de Jerusalém, dizendo:
2 Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? Pois não lavam as mãos quando comem pão.
3 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Por que transgredis vós, também, o mandamento de Deus pela vossa tradição?
4 Porque Deus ordenou, dizendo: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.
5 Mas vós dizeis: Qualquer que disser ao pai ou à mãe: É oferta ao Senhor o que poderias aproveitar de mim; esse não precisa honrar nem a seu pai nem a sua mãe,
6 E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus.
7 Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo:
8 Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.
9 Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens.
10 E, chamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
11 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.
12 Então, acercando-se dele os seus discípulos, disseram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
13 Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada.
14 Deixai-os; são cegos condutores de cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.
15 E Pedro, respondendo, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
16 Jesus, porém, disse: Até vós mesmos estais ainda sem entender?
17 Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora no esgoto?
18 Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem.
19 Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
20 São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar as mãos, isso não contamina o homem.
21 E, partindo Jesus dali, foi para as partes de Tiro e de Sidom.
22 E eis que uma mulher cananeia, que saíra daquelas cercanias, clamou, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoninhada.
23 Mas ele não lhe respondeu palavra. E os seus discípulos, chegando a ele, rogaram-lhe, dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós.
24 E ele, respondendo, disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
25 Então chegou ela, e adorou-o, dizendo: Senhor, socorre-me!
26 Ele, porém, respondendo, disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos.
27 E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores.
28 Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! Seja isso feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.
29 Partindo Jesus dali, veio ao mar da Galileia, e, subindo a um monte, assentou-se lá.
30 E vieram a ele grandes multidões, que traziam consigo coxos, cegos, mudos, aleijados, e outros muitos, e os lançaram aos pés de Jesus, e ele os sarou,
31 De tal sorte, que a multidão se maravilhou vendo os mudos a falar, os aleijados sãos, os coxos a andar, e os cegos a ver; e glorificava o Deus de Israel.
32 E Jesus, chamando os seus discípulos, disse: Tenho compaixão da multidão, porque já está comigo há três dias, e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho.
33 E os seus discípulos disseram-lhe: De onde nos viriam, num deserto, tantos pães, para saciar tal multidão?
34 E Jesus disse-lhes: Quantos pães tendes? E eles disseram: Sete, e uns poucos de peixinhos.
35 Então mandou à multidão que se assentasse no chão,
36 E, tomando os sete pães e os peixes, e dando graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, e os discípulos à multidão.
37 E todos comeram e se saciaram; e levantaram, do que sobejou, sete cestos cheios de pedaços.
38 Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens, além de mulheres e crianças.
39 E, tendo despedido a multidão, entrou no barco, e dirigiu-se ao território de Magadã.
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